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Lendas Firminenses: Primeiro Juiz da Comarca

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Nosso Fórum “Raul de Barros Fernandes” foi inaugurado em 1950. E foi preparado da melhor maneira, para receber o seu primeiro Juiz o Dr. Pedro Francisco de Paula Medeiros Cruz. Nessa época Senador Firmino vivia uma verdadeira Idade Média. Padre Henrique Silvino Alves a tudo controlava com mão-de-ferro. Mulheres tinham que usar vestidos abaixo dos joelhos, mangas compridas e fechado até o pescoço. O Cinema, as festas e bailes eram coisas proibidas pelo Padre Henrique. Pouco tempo depois de sua chegada, Dr. Pedro sentindo o vencimento apertado e atrasado, procurou um modo para aumentá-lo e escolheu justamente o dia 15 de agosto, auge das festas do Jubileu de Nossa Senhora da Conceição. Resolveu fazer um baile e para tanto contratou um sanfoneiro e abriu as portas do salão do Fórum. Colocou na entrada um porteiro e estipulou um ingresso correspondente a um real de hoje. Muitos lá compareceram. O problema é que somente homens apareceram lá. As mulheres, a não ser algumas sirigaitas, tiveram a coragem de ir ao baile, mesmo que a entrada delas fossem de graça. Ao toque da sanfona, o baile teve início. Uns poucos cavalheiros conseguiram conquistar as mulheres encostadas na parede. Os outros quase todos embriagados, ou semi, não tendo outro jeito, começaram a dançar homem com homem. Ouve-se um ruído de ligação de alto-falante do Santuário de Nossa Senhora da Conceição e atrás dele a voz do missionário que pregava o jubileu condenando as pessoas que dançavam no baile. Foi além, dizia que iria telefonar ao Governador para pô-lo a par de tamanha sem-vergonhice. Foi como se atirasse água no fogo. Em poucos minutos o salão ficou completamente vazio. O Juiz, morrendo de medo da denúncia, fechou o fórum e dirigiu-se ao Santuário. Meio sem jeito, pois não tinha o costume de freqüentar a Igreja, ajoelhou-se com um joelho só. Foi quando o missionário bravo passou por ele e, vendo-o naquela posição, foi logo o advertindo: “Estais caçando veados? Aqui não existem não, pode ajoelhar com o outro”. Mas o minguado ordenado estava no fundo do bolso. Nosso Juiz era solteiro, e deixava-se, platonicamente se apaixonar pelas moças bonitas da cidade. Certa vez, apaixonou-se por uma delas e dizia que seria esta sua futura esposa. O ciúme apareceu quando viu a mocinha conversando com o Oficial de Justiça na Praça Raimundo Carneiro. Não pensou duas vezes, e logo baixou uma portaria suspendendo as funções do Oficial “por desobediência e por trazer intranqüilidade ao serviço forense”. Por seis meses teve o funcionário que amargar a pena imposta.

Rodrigo Celi Veiga Dias
Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural

Lendas Firminenses: Padre Salvador Zorgno

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Na década de 1920, o Padre Salvador (italiano) era vigário de Dores do Turvo e administrava também a Paróquia de Conceição do Turvo. Por causa de sua simplicidade, humildade e ingenuidade, em Conceição e adjacências circulavam várias versões sobre episódios pitorescos ocorridos com ele.
Naquele tempo só se viajava a cavalo. Numa dessas viagens um carrapato picou e alojou-se debaixo da pele do pênis do Padre Salvador. Dias depois, o membro ficou inchado e dolorido. Muito escrupuloso, o padre não procurou investigar a causa daquela dor. Alarmado, resolveu procurar um médico. Os amigos aconselharam-no a procurar o famoso Dr. João Vilaça, médico residente em Juiz de Fora. Com a humildade e a ingenuidade características de seu temperamento, o padre relatou para o médico o que estava sentindo. Após ouvi-lo atentamente, Dr. Vilaça levou-o para a sala de exames. Mal iniciou o exame, com o auxílio de uma pinça, o médico constatou tratar-se de um incômodo carrapato alojado sob a pele do membro, já bastante infeccionado. Dr. Vilaça esboçou um sorriso dizendo-lhe: “Padre Salvador, o caso apresenta alguma gravidade, talvez tenhamos de amputar o membro”. Com a maior calma deste mundo Padre Salvador respondeu: “non tene importanza dotore”, e fazendo um gesto com os dedos polegar e indicador, continuou: “basta senore deixar um toquinho assim pra eu urinar”.
Comentava-se também o jeitão simples usado pelo padre na celebração de casamentos de pessoas mais humildes e ignorantes, sem muita noção das responsabilidades do matrimônio. Intercalando a liturgia própria, perguntava aos nubentes: “Você gosta dela? Você gosta dele? Gana dinero pra sutentá a família?” Face às respostas afirmativas, dizia: “Entonce tão casados, vão com Deus e muito juízo”.

Rodrigo Celi Veiga Dias

Lendas Firminenses: Professor Cícero Torres Galindo

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Sobre o segundo prefeito de Senador Firmino, Professor Cícero Galindo, contam-se fatos curiosos. O Brasil vivia a época da Ditadura Vargas, e ele podia estabelecer sua vontade como bem quisesse. Manter a cidade limpa era uma de suas principais lutas, tanto que nomeara um fiscal específico para cuidar dessa área. Tinha verdadeira birra com os carros de bois. Isso porque além da sujeira que os bois espalhavam, o “canto” do carro deixava-no irritado. Era só algum carro surgir “cantando” na rua, que o fiscal aparecia para aplicar a multa, e ainda colocava azeite de mamona nas rodas para acabar com o barulho.
As juntas dos bois eram tocadas pelo carreiro que usava uma aguilhada (uma vara comprida com um ferrão na ponta) para despertar o animal cansado ou preguiçoso, e a cada agulhada o bicho soltava um monte de esterco, sujando a rua limpinha. Levando-se em conta que normalmente cada carro era puxado por seis bois e que todos os proprietários rurais tinham o seu, dá para se ter uma idéia da sujeira que faziam.
Para resolver esse problema, o prefeito Cícero Galindo tentou fabricar um anteparo que conseguisse evitar que as fezes viessem a sujar a rua. Até que o carpinteiro chegou a fabricar um, mas o problema foi que não encontrou modo para afixar a geringonça na parte posterior de cada animal. A cada movimento mais ríspido ela vinha abaixo e, com ela todo o estrume acumulado. O prefeito acabou tendo que abandonar a idéia e passou a defender que o transporte de mercadoria fosse feito por tropa de burros e a montaria em charretes. Dizia que a tropa era mais poética: à frente a mula-madrinha, com cangalha vistosa, com cincerro no peito, que tocava, à medida que o animal andava, o som assemelhado ao de campainha. E com muitos benefícios sobre o carro de bois: o som não era tão barulhento e no burro era mais fácil fixar o “para-merda”, pois ela era num formato diferente, mais sólida, em tabletes simétricos, em vez da pasta molenga e sem direção certa dos bovinos.
Segundo o Sô Tote, que era fiscal, a invenção deu certo, abrandando a raiva do dinâmico prefeito. E para quem seguisse sua proposta deu vantagens: a tropa e charrete não precisavam pagar a taxa de circulação, enquanto os carros de bois eram obrigados a afixar uma placa da prefeitura e pagar a taxa anualmente.

Rodrigo Celi Veiga Dias
Presidente do Conselho do Patrimônio Cultural
Senador Firmino - MG